Caio Carvalho Borba ( 1994 - 2010 )

As ideias surgem na minha cabeça como flechas , que vão e voltam numa velocidade intensa , e nem sempre muito nítidas .
Tento transmitir pros meus textos o mundo que existe dentro da minha cabeça .







segunda-feira, 28 de junho de 2010

Sophia . Capítulo XIII : Encontros .

Olhava para trás constantemente , não o via , não o ouviu a chamar . Já havia perdido suas esperanças de encontrá-lo .
Enquanto isso na turma , restavam Gian , Jim e mais sete alunos .
- Se não entregarem o trabalho , ficaremos aqui a tarde toda !
Gian o olhava , sua vontade de xingá-lo falava alto , mas sabia que se o fizesse demoraria mais ainda para sair do colégio .
Olhava para a folha de exercícios em cima de sua carteira e simplismente não via previsão de ir embora . Ouvia a gritaria e euforia dos alunos saindo de suas salas , imaginava Sophia fazendo o mesmo caminho do dia passado , só que dessa vez sem ele , sentia mais raiva ainda do professor ao lembrar disso . Cutucou Jim , esperando que ele o passasse o resultado de alguma questão , e foi o que ele fez . Gian copiou e as duas que faltavam ele enrolou o máximo que conseguiu .
- Acabou ?
Perguntou a Jim .
- Sim .
Respondeu , escrevendo seu nome no trabalho . Os dois levantaram , entregaram a folha para o professor , que com um sorriso irônico , disse :
- Um bom dia para vocês .
Gian e Jim o "fuzilaram" com os olhos e sem respondê-lo , foram embora .
Deitou um pouco no sofá , foi na cozinha buscar algo para comer mas nada encontrou . Já iria ligar para o seu pai quando o telefone tocou .
- Alô .
- Filha , olha só , sabe vir aqui para o consultório andando ?
- Sei sim .
- Então , vem para cá , vamos sair para almoçar .
- Ok , beijos .
Correu para se trocar e suas esperanças de encontrar com Gian se renovaram . Sabia que o consultório era no caminho da casa dele , e que em algum momento ele teria que passar por ali .
Trocou de roupa o mais rápido que pode e saiu de casa . Trancou a porta e olhou ao redor para ver se o via . Viu pouco movimento de carro , menos ainda de pessoas . Olhou para a esquina , e como se alguém tivesse ouvido seu desejo , Gian apareceu .
Ficou encantada , seus olhos brilharam e seu coração vibrou ao vê-lo . Tentou se conter , mas não tinha como controlar tamanha felicidade .
Gian andava lentamente , com fome e angústia por não ter encontrado com Sophia na volta para casa . Estava sem prestar muita atenção , completamente avoado em seus pensamentos. Olhou para a casa dela , sentiu uma enorme vontade de chamá-la , só para vê-la , mais nada .
Viu alguém na porta , forçou a vista e percebeu que não era só alguém , percebeu Sophia , com seus cabelos presos , o olhando de longe . Se espantou ao perceber que a achava linda mesmo de longe , sem conseguir enxergá-la com clareza .
Ele foi se aproximando e Sophia se deu conta que teria que falar algo , não poderia ficar ali somente rindo para ele .
Gian sorriu , parou cerca de dois metros de Sophia , completamente bobo e tentando esconder seu encantamento .
- Oi , que surpresa .
Sophia sempre ficava vermelha perto dele , era só ouvir sua voz que se sentia completamente perdia e envergonhada .
- Oi Gian .
- Mas então ...
Gian não sabia bem o que falar , não entendia o motivo dela estar ali , parada na porta o olhando.
- Tive que ficar até mais tarde por causa de um exercício idiota .
- Ah sim ...
Sophia olhou para trás .
- Vou encontrar meu pai em seu consultório , é pra lá também - Apontou para o caminho - ai eu te vi e resolvi te esperar ...
Sua vergonha foi ao extremo , sentia um frio intenso na barriga .
- Que bom que resolveu me esperar , adoro sua companhia .
Sophia corou por completo . Riu sem jeito , sentia no olhar de Gian algo que não conseguia entender , algo incrível .
- Vamos então ?
- Vamos .
Os dois começaram a andar , um olhando para o outro de rabo de olho , esperando a conversa ser iniciada .
- Então seu pai é médico ?
- É sim , cardiologista .
- Que legal . Você mora só com ele ?
Sophia assentiu com a cabeça .
- E você , mora com quem ?
- Meu pai , minha mãe e minha irmã .
- Moram aqui faz tempo ?
- Sim , sim , desde quando eu nasci .
- Aqui é bem calmo assim mesmo ?
- Desde sempre .
Sophia estava tão bem perto dele que havia esquecido que tinha que atravessar a rua .
- Sua casa é pra lá ?
- Sim .
- Então teremos que nos despedir .
Gian fez sinal de que ira beijá-la no rosto , mas por vergonha ou timidez , preferiu estender a mão .
- Até amanhã então , Sophia .
- Até .

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