Caio Carvalho Borba ( 1994 - 2010 )

As ideias surgem na minha cabeça como flechas , que vão e voltam numa velocidade intensa , e nem sempre muito nítidas .
Tento transmitir pros meus textos o mundo que existe dentro da minha cabeça .







sexta-feira, 16 de dezembro de 2011

O dia em que eu conheci um robô.

Um dia eu conheci um robô . Parecia ser fêmea , não sei . Era um robô bonito , aparentemente normal , com todos os sentidos e trejeitos de uma pessoa normal .
Não foi de cara que eu reparei o problema ... Confesso que eu demorei tempo demais para perceber o que ali acontecia.
Cheguei mais perto , fui me aproximando e me assustei com a forma de olhar que ali se manifestava. Não tinha emoção , não tinha carinho , não tinha nada , eram só duas bolas chamadas de olhos , que lhe serviam para enxergar , mais nada .
Não notei , pensei que talvez fosse diferente , talvez fosse mais fria .
Me afastei e não vi ninguém mais se aproximar. Me assustei . Porque ?
Tentei novamente , com a inocência da primeira vez .
Toquei em sua mão , tão fria quanto gelo mas ao mesmo tempo quente como um incêndio.
Ela me olhou , de novo , com seus olhos sem falar absolutamente nada , enquanto eu dizia um monte de coisas.
Ela não respondeu , nem com o olhar , e nem com sua boca .
E que boca !
Era linda , moldada , esculpida , criada pelo melhor artista.
Mas ela não sorria , nem sequer transmitia felicidade .
Era fria , completamente gelada.
Criei coragem para lhe falar .
Gosto de você - Eu disse .
Ela me olhou como se olhasse para uma criança pedindo esmola no sinal.
Pior para você - Respondeu.
Me senti tão mal , mas tão mal , que me afastei por um bom tempo.
Ela nem sequer me olhou , ou perguntou como eu me sentia.
Era do seu feitio , destruir qualquer tipo de sentimento que nascia perto dela.
Eu não a olhava mais , não aguentava a dor de não poder conviver com ela.
Mas ela adorava , parecia que a dor alheia a fortalecia.
Ela sorriu. Não por estar bem , e sim por eu estar mal.
Eu não entendia , como ela pode ser assim ?
Até que um dia , eu não aguentei , perguntei como se não fosse mais vê-la.
Porque você é tão ruim consigo mesma ? - Suava frio . Tremia.
Porque o melhor que eu posso ser , é ser ruim. - Respondeu .
Por pior que a resposta tivesse sido , me senti estranho perto dela.
Ela me olhava nos olhos , coisa que nunca havia feito.
O olhar de pena havia desaparecido , dando espaço para um olhar de esperança.
Como se eu lhe tivesse acendido uma lâmpada.
Foi neste momento que eu entendi , que a culpa nunca havia sido dela.
Ela tinha coração , mas ele só batia , não transmitia sentimentos.
Porque ?
Já havia sido destruído , pisado , chutado , inúmeras vezes.
De tanta ilusão , desilusão , mágoas , ela se congelou.
E virou um robô.
E eu , o que fiz ?
Ainda não decidi.
Da próxima vez eu conto.