Sophia acenava com a mão , e do lado de fora da janela do carro via a Tia Cath fazendo o mesmo . A ida em sua casa havia sido intensa . Sophia não fazia a mínima questão de ir lá , mas depois de conversar com Cath , não quis mais ir embora . Já passava das sete da noite , e começava a escurecer . Sophia olhava para fora e lembrava da conversa que teve com sua Tia . Não imaginava que Cath soubesse exatamente como ela estava se sentindo , se sentiu muito bem , da melhor maneira possível , desde a morte de sua Mãe .
Entendeu o que Cath quis dizer , e achou completamente certo . Sua Mãe a estava olhando , e por mais que fosse difícil , não iria querer vê-la triste . Antes de ir embora agradeceu imensamente as palavras confortadoras da Tia , e prometeu voltar o mais rápido possível .
Joseph percebeu como Sophia estava melhor , e aproveitou disso para puxar uma conversa mais espontânea .
- Então , o que vamos fazer amanhã ? Ficarei em casa também .
- Não sei Pai , o que quer fazer ?
- Não sei , não sei ...
Sophia se empolgou ainda mais com a alegria que seu Pai esboçava e teve uma volta para casa tranquila .
Domingo começou e Sophia acordou por volta das 9 . Tomou café da manhã com seu pai e sentou no sofá da sala para ver um pouco de TV . Estava mais tranquila , mais calma , mais feliz .
- Filha , não tenho uma boa notícia .
- O que foi , Pai ?
Perguntou Sophia , sentada no sofá , vendo seu pai em pé , perto da escada .
- Aconteceu um problema , vou ter que ir para o consultório .
- Já , Pai ?
- É , filha , mas prometo que volto cedo .
- Ok , ok ...
Concordou Sophia , ficando triste por ter que passar o Domingo sozinha .
Joseph saiu e Sophia ficou sozinha em casa , andou para lá , para cá , adiantou uns exercícios do colégio , e percebeu que não tinha mais nada para fazer .
Deitada em sua cama , olhando para o teto ouviu a campainha tocar . Levantou e foi em direção a porta , talvez fosse Vivian , ou seu Pai tivesse esquecido a chave . Abriu a porta e deu de cara com aquele olhar marcante , seguido de um sorriso inesquecível . Era Gian , ele mesmo , em pé na porta de Sophia .
- Boa Tarde , Sophia .
- Boa ... Gian ...
- Quer dar uma volta comigo ?
- É ... um minuto .
Sophia enconstou a porta , e ficou por alguns segundos olhando para ela . Não acreditava que ele estava ali , quando conseguia esquecê-lo um pouco ele aparecia em sua casa . Correu para o seu quarto e buscou um casaco , pegou o celular e correu ao encontro dele .
- Pronto .
Disse , abrindo a porta , saindo e a trancando .
- Tudo bom ?
- Tudo sim .
Estavam parados , em frente a sua porta , olhando um para o rosto do outro .
- Então , porque resolveu vir aqui ?
- Estava meio parado em casa , e resolvi vir aqui te chamar para sair , tomar um café . Tem uma lanchonete aqui perto , logo na outra rua , o que você acha ?
- Por mim tudo bem , não estou com muita fome mas podemos ir .
Começaram a andar , e discretamente Sophia olhava para o lado e percebia que ele olhava para ela . Estava surpresa , começava a se conformar que de alguma forma ele gostava dela.
- Como foi seu sábado ?
- Foi legal , Gian , fui na casa de minha Tia . E você ?
- Visitei minha Avó .
- Ah sim ...
Ele sorria , fazendo com que Sophia sorrise imediatamente . Sophia se derretia perto dele , se sentia uma criança perto de seu primeiro namoradinho .
Chegaram na lanchonete , estava vazia , sentaram-se em uma mesa e pediram dois cafés .
Estavam frente a frente , Sophia não tinha como fugir dos calorosos olhares de Gian . Estava cercada , e de um certo modo , gostava disso.
- Estava com saudade de você .
Sophia olhou para ele e sentiu uma enorme vontade de abraça-lo . Ele acabara de dizer que estava com saudades dela , algo que ele não ouvia faz tempo .
- Nossa Gian , eu nem sei o que dizer .
- Pode ser dizer um " eu também ... "
Disse , rindo , dando brecha para Sophia rir e disfarçar o seu nervosismo .
A Chuva começou a cair lá fora , e os dois lá dentro iam bebendo o café lentamente , enquanto Gian tentava arrancar algumas palavras de Sophia .
- Mas me diga , porque dessa timidez toda ?
- Não é timidez , é insegurança .
- E não sente segurança comigo ?
A resposta era sim , estava completamente segura .
- Posso me sentir ?
- Claro !
Os dois sorriam alegremente , Sophia começava a deixar a vergonha de lado e ser mais espontânea .
- Acho que já devemos ir .
Disse Sophia , vendo que já começava a anoitecer .
- Vamos , vamos , só não sei como vamos nos proteger dessa chuva .
Levantaram e Gian pagou o que eles consumiram , mesmo Sophia fazendo um esforço enorme para que eles dividissem .
Sairam da lanchonete e ficaram encostados na parede , tentando não pegar chuva .
- E agora ?
Perguntou Gian .
- Vamos correndo .
Disse Sophia .
- Até podemos ir , mas antes ...
Gian tirou o casaco e colocou sobre a cabeça de Sophia .
- Não quero que você pegue um resfriado por minha causa .
Sophia só conseguiu sorrir em troca .
Os dois começaram a andar rápido pelas calçadas , não conseguindo evitar as gotas fortes que caiam do céu . Sophia não estava tão molhada , já Gian estava completamente ensopado .
Chegaram em sua casa e ficaram embaixo de uma árvore que tem em frente , evitando um pouco a chuva . Sophia tirou o casaco molhado de Gian de cima da cabeça e o entregou .
- Muito Obrigado .
Sophia agradeceu , vendo Gian completamente molhado . Os dois estavam praticamente colados, já que o espaço onde não caia a chuva embaixo daquela árvore quase não existia .
- Não tem outra forma de agradecer não ?
Perguntou Gian , sorrindo de um jeito que fez Sophia tremer .
- E qual seria ?
Perguntou Sophia , sabendo muito bem o que ele queria dizer .
- Esse .
Gian a puxou pela cintura e a beijou na boca , como se fosse seu maior desejo .
Sophia se derretia , esqueceu da chuva e se entregou mais uma vez nos braços de Gian , curtiu aquele beijo como se fosse o último .
Gian a abraçou forte , e ao terminar de beijá-la , encostou sua testa na dela e a olhou no fundo dos olhos .
- Muito obrigado por mais uma noite sensacional .
Sophia estava arrepiada , e agindo pelo impulso , o abraçou com todas as suas forças .
- Não , Gian ... Sou eu que agradeço .
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